terça-feira, 9 de junho de 2009

"Doença da Alma" - Parte II



Como citei na reportagem anterior, vários fatores podem desencadear a depressão numa pessoa, aqui segue a continuação dessa reportagem com abordagens importantes sobre a interação do homem com o meio onde está inserido.
Por Vanessa Mayane

O stress e a pressão do dia-a-dia

A psicóloga Andrea Batista Magalhães, que atualmente é Assistente Técnico - Psicóloga da Universidade Católica de Goiás, exercendo as atividades no Departamento de Recursos Humanos, caracteriza o assédio moral como o a exposição dos trabalhadores a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas. “Assédio moral não é assédio sexual”, deixa bem claro a psicóloga.
A busca incessante pela independência financeira, pelo emprego dos sonhos, e pelo salário mais alto, pode acabar custando caro. O mercado de trabalho atualmente em qualquer área profissional é uma luta diária, é extremamente competitivo, se igualando quase á Teoria da Seleção Natural – Teoria formulada por Charles Darwin que esclarece o processo da evolução. A Teoria da Seleção Natural diz que a sobrevivência é privilégio dos mais fortes, dos que tem uma capacidade de adaptação às adversidades do meio, superior aos seus semelhantes. Por tanto, as pessoas vivem em conflito o tempo todo, causando desgastes emocionais muitos fortes, capazes de abalar até as mais sólidas estruturas psicológicas. De acordo com Andrea Batista Magalhães toda essa pressão psicológica pode acontecer de várias maneiras, e acabar desenvolvendo a Síndrome de Burnout – que vem do stress, é definida como o stress crônico ocupacional. São situações que qualquer um pode passar. Pessoas que se entregam de forma exorbitante ao trabalho, pessoas que se sentem inferiores e menosprezadas e acabam tendo a saúde física e mental debilitada em conjunto com o abatimento moral, propiciando a degradação de suas condições de vida e trabalho, levando ao conseqüente isolamento e sentimento de culpa. Deixando a situação vulnerável e propícia para uma depressão, se caso não buscarem ajuda psicológica ou um apoio jurídico. ”Professores, médicos e enfermeiros, por exemplo, profissionais que cuidam dos outros, têm mais chances de sofrerem com isso” é o que afirma Andrea Batista Magalhães, “a pessoa que assedia está muito mais doente do que a que é assediada”, completa ela.

O lado frágil do sexo feminino

Aparentemente o que determina a diferença entre homens e mulheres é a interferência dos ciclos hormonais. Mas, se somente os ciclos hormonais fossem a causa de uma mulher desenvolver depressão, definitivamente todas as mulheres seriam deprimidas. As mulheres tendem a ser mais abertas, derramam suas lágrimas quantas vezes for preciso, e por muito pouco elas logo arrumam alguém para compartilhar suas angústias e seus sentimentos. Não é atoa que banheiros femininos, salões de beleza, shoppings e etc., logo viram pontos de encontro e bate papo para mulheres, isso está explícito nas características gerais da personalidade feminina. A psicóloga Ilma A Goulart de Souza Britto explica esta fragilidade que as mulheres têm, classificando-as como seres sentimentais, temperamentais, e que tudo se deve a alternâncias de humor. “As palavras eliciam as emoções”, diz Ilma A Goulart de Souza Britto, e de fato condicionam atitudes. A mulher passa por várias situações inusitadas durante a vida, experiências pessoais que significam muito para elas. Geralmente elas tendem a seguir padrões de beleza, e muitas vezes não se conformam com a aparência que têm, durante a adolescência se sentem inseguras, retraídas, descobrem a TPM, vivem relacionamentos e tendem a se entregar de forma mais intensa do que os homens, e por isso se frustram mais também, sofrem com a gravidez, com a dor do parto, algumas sofrem mais que outras pois rejeitam a si mesmas ou o bebê, após a maturidade chega a menopausa, há diminuição de libido, enfim, milhares de fatores podem contribuir para que uma mulher sofra com a depressão. Além dessas características próprias da mulher, ainda tem todos os outros fatores já citados, como pré-disposição genética e o fator social. Mas mesmo que as pesquisas apontem que existem mais mulheres do que qualquer outro gênero sofrendo de depressão, os especialistas ainda buscam respostas concretas para tamanha vulnerabilidade feminina. Sabendo que não é possível justificar a depressão, porque cada caso é um caso, e quanto mais cedo for diagnosticada, menos danos afetivos podem trazer para a vida familiar, profissional e social.

Superando a depressão

“Quando você muda suas ações, você muda o que está sentindo”, afirma com serenidade a psicóloga Ilma A Goulart de Souza Britto, ela conceitua que assim como na economia, na vida as pessoas também precisam fazer investimentos. Que o tratamento de uma depressão não é feito só à base de antidepressivos e com acompanhamento psicológico. Além da complementação ao tratamento com atividades esportivas aeróbicas também é preciso reinvestir nas relações, na forma como as pessoas estão se interagindo.
A psicóloga Ilma A Goulart de Souza Britto explica que milhares de pessoas já deram fim á própria vida, porque estavam inconsoladas, sem razão para viver, porque estavam com depressão e encontraram no suicídio a solução para seus problemas. Muitas vezes pessoas sofrem caladas e acabam cometendo tão lamentável ato sem se quer recorrer á uma ajuda, ou apoio, pessoas que talvez trouxessem no rosto um sorriso estampado, mas que só eles sabiam o que se passava por dentro, o tamanho da sua dor e da sua angústia. A depressão é de fato o efeito das interações humanas, o homem está ligado ao meio em que vive, está interligado aos seus semelhantes seja de forma física ou espiritual, por tanto é preciso buscar no dia-a-dia a motivação para mudar a lamentável concepção de que a sociedade vive um mal sem cura e que a “doença da alma” ainda tende a se arrastar por séculos.

Encerro aqui, está série de reportagens sobre a "doença da alma". Jornalisticamente falando, acredito que o homem realmente acompanha o mundo, não é só o ser humano que sofre com o "mal do século", a chamada depressão atinge também todo o universo, que respira melancolia, existe um falso êxtase, uma falsa alegria, a natureza anda mais artificial do que muitos silicones por aí. O homem só está atraindo para si, aquilo que transmite.


Até mais... =**

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